quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Hoje de manhã, na rádio, uma desconhecida deputada pelos Açores à Assembleia da República afirmava que todos os açorianos anseiam pela continuidade do modelo actual de programação da RTP Açores.
Eu, sendo açoriano, venho afirmar que não só não anseio pelo continuidade da RTPA como me parece que nenhum governo deveria ter qualquer poder sobre as televisões; o que equivale a dizer que a televisão deveria ser privatizada. Não é isso que está para acontecer, mas sim a redução para quatro horas de programação realizada nos Açores, o que é mais do que suficiente.
O grande problema para os políticos açorianos não é, como agora apregoam, o governo "lá de fora" estar a pôr em causa o valor imprescindível da RTPA para a prestação do serviço público dos meios de comunicação. Se assim fosse, seria natural vê-los também procurar saber qual o nível de audiências da RTPA. E assim esclarecer as pessoas sobre o valor real desse dito serviço público. Mas ninguém quer saber do nível de audiências da RTPA, e isso talvez se deva ao facto de  ninguém ver a RTPA - a não ser a população mais isolada, mais pobre e mais envelhecida e, por isso, mais facilmente influenciável que, desejando saber qual o tempo que irá fazer amanhã, acaba por ver as últimas inaugurações e as últimas ideias brilhantes dos cesarianos sempre com umas cores a dançar em pano de fundo.
O grande problema é que um dos mais eficazes instrumentos de controlo político deixará de estar disponível para os governantes exercerem a sua manipulação. Sobre isto basta ver o tratamento indigno que foi dado, por parte dos governantes açorianos e por parte dos jornais locais, aos representantes da Entidade reguladora para a comunicação Social quando, ainda há bem pouco tempo, cá estiveram a dizer que havia intromissões políticas no tratamento dos noticiários televisivos.
Até hoje a RTPA tem servido para veicular as mensagens do partido no governo e para mascarar os problemas da sociedade. Veja-se como ex-funcionários da RTPA foram parar a assessores do governo. Tem servido para - com a desculpa do serviço público e do valor cultura açoriana para os próprios açorianos - passar muito dinheiro para o bolso de poucos, alguns deles reformados da própria RTPA. Agora que o dinheiro está a acabar, uns dirão que já não querem mais, que é tempo de dar lugar aos mais novos. Outros, clamarão pelas virtudes da TV pública. Por mim, podem reduzir já a emissão que ninguém dará por isso.

(LFB)

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