domingo, 31 de dezembro de 2006

"SHOAH" de Claude Lanzmann (1985)

9 horas e meia A VER COM ATENÇÃO

o filme é inevitável para se pensar o "acontecimento mais negro da História". 'Shoah' é o termo hebraico para 'catástrofe' e que passou a designar a tentativa de destruição dos judeus pelos nazis. Para alguns estudiosos é um termo mais adequado do que o termo 'Holocausto'. Este tem também o significado religioso de sacrifício pelo que o seu uso poderá ser ofensivo para as vítimas. Uma "obra de arte - e mesmo assim ser fidedigna" como um documentário (Lanzmann) - feita a partir de entrevistas a três grupos de pessoas: sobreviventes dos campos de concentração, testemunhas passivas e antigos nazis.
Lanzmann, ao entrevistar antigos nazis (a entrevista a Suchomel despertou-lhe tanto ódio que desejou "matá-lo com a câmara", Lanzmann, in Todorov, p.277), não se coíbe de os filmar sem eles saberem disso ou de não lhes garantir o anonimato (no exemplo que escolhi o controlo da gravação é feito a partir da Wolkswagen). Tem por isso sido criticado (veja-se Todorov, Facing the Extreme, pp. 271-278).

A principal preocupação de Lanzmann foi criar um objecto artístico que fosse capaz de recriar a verdade de um acontecimento histórico a partir dos testemunhos daqueles que nele participaram. Por isso não usa nenhuma imagem de arquivo e chega mesmo a afirmar que se descobri-se um filme dos campos de concentração destruia-o.
Lanzmann tem sido também acusado de "alguma manipulação" e instrumentalização dos entrevistados. Ele opta por continuar a filmar e incluir no filme aqueles momentos em que o entrevistado 'se vai abaixo' e afirma que não pode continuar. É o caso da entrevista a um barbeiro (a entrevista com o entrevistado a trabalhar na barbearia terá sido montada para que a recordação fosse o mais autêntica possível) que tinha o trabalho de cortar o cabelo às mulheres que já se encontravam dentro das câmaras de gás e completamente nuas. Ele, e mais uns tantos, deveriam fazer o serviço como se as mulheres fossem apenas tomar um duche. Este entrevistado fraqueja e diz não querer continuar no momento em que recorda o facto de ter encontrado a mulher de um amigo seu e de não lhe poder dizer que a sua vida estava no fim.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

The Isenheim Altarpiece, by Matthias GRÜNEWALD






Por sugestão de um dos contos de W. G. Sebald incluídos no livro: Os Emigrantes (Teorema).