domingo, 25 de março de 2007

(LE)
Cuidado!
Não se confunda uma instituição de fins educativos com outra de fins puramente lucrativos.

sábado, 17 de março de 2007

E o problema nem sequer é se a programação da TVI é, em geral, recomendável. Eu acho que não é. No entanto, cada qual que escolha o que melhor lhe aprouver e a melhor forma de ocupar os seus tempos de ócio. Nas sociedades democráticas defende-se que cada um deve poder escolher uma concepção do bem e orientar-se por ela. O problema maior é se é aceitável aplicar dinheiros públicos em estações de TV privadas para que estas realizem telenovelas. Mesmo que daí venham lucros - o que no caso nem está garantido; quem garante que por causa de uma telenovela os hotéis açorianos vão deixar de estar às moscas? Para além disso, há muitas outras coisas que dariam muito dinheiro à região e nas quais não se investem dinheiros públicos, pelo menos descaradamente. Precisamente por serem imorais. Mas César e o seu governo parecem ter perdido toda a noção de moralidade política; trocaram-na pela economia.

(LFB)

quinta-feira, 15 de março de 2007

De uma ida ao novo bloco da Universidade dos Açores no Pico da Urze num ambiente TVI.

Em direcção a um conferência, proferida por Comandante de Fragata, sobre métodos de calcular a longitude nos séculos XVII e XVIII, passagem por corredores apertados e altos completamente forrados de azulejos 15 por 15 laranja vivo, e por escadarias e espaços de transição com paredes verde alface. No anfiteatro as cadeiras como objecto de tortura - é mais para ver do que para sentar e ouvir. Ou então, e mais provável, é não ter havido dinheiro para comprar cadeiras minimamente confortáveis. Sabe-se que o orçamento para a construção deste novo edifício foi cortado e que a obra foi sendo, por falta de dinheiro, adiada. Quanto às cores, elas denunciam a pobreza estética que muitos edifícios públicos novos insistem em exibir. Quem terá escolhido aquelas cores? E porquê? Será que algum arquitecto consegue justificar a compatibilidade entre um ambiente TVI (imediatista, agressivo, primário, atraente ao olhar passageiro, mas repulsivo ao olhar permanente, rapidamente degradável) e um ambiente académico (mediato, razoável, tendencialmente neutro, duradouro)? Ou terá sido um gesto político, mesmo que inconsciente, de dar um ar atraente a uma coisa nova, que rapidamente deixará de o ser? O mundo das aparências...

Carlos César, por decisão sua, dá 500 mil euros e 600 passagens na Sata à TVI e à "ilha dos amores" e considera a estação uma referência. Supõe-se que com esta afirmação César signifique apenas que esse é o canal que tem mais audiência em sua casa, tal como na casa da maioria dos portugueses. Assim como também é público que o canal preferido da mulher de Cavaco Silva é o Odisseia. A justificação de que o retorno será maior do que o investimento não é o que está em causa. A política não é só sobre dinheiro. Muito menos a política educativa que é vinculada através da televisão. Ao apoiar a TVI e ao referenciá-la como uma boa televisão, César diz aos açorianos que ver esse canal é bom. Mas é bom para quê e para quem?

(LFB)