quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Categorização e seus perigos

"Devíamos, com mais frequência, interrogar-nos sobre o nosso gosto pelas categorizações: simplificam a realidade e, se nos contentarmos com elas, ocultarão mecanismos de fundo que colocam certos grupos sociais em situação de vulnerabilidade. Além disso, arriscam-se a ocultar o que há de comum em indivíduos que repartimos em categorias muito diferentes, arriscando-se igualmente a apagar no interior de cada categoria as trajectórias pessoais no que têm de irredutível e único. Por último, ocultam ainda o trabalho simbólico que está sempre presente no acto de categorizar. A categorização não é simplesmente um processo cognitivo de arrumação do real heterogéneo. Envolve em simultâneo um trabalho simbólico que diz respeito à definição de topologias, hierarquias e dominações no interior do sistema social, jogo em que os actores estão permanentemente envolvidos e que os cientistas sociais reificam quando categorizam sem problematizar. "


Fernandes, L. & Pinto, M. (2008). Juventude urbana pobre e cidade predatória: o guna como figura de ameaça. Cunha, M. (org.) Aquém e além da prisão: cruzamentos e perspectivas. 90 Graus Editora, p. 218. (sublinhados de DO)

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