sábado, 24 de julho de 2010

José Saramago

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- Foi hoje anunciado o vencedor do prémio Nobel da Literatura.
- quem é que ganhou?
- Herta Müller
- Nunca ouvi falar. Você já ouviu?
- Não, até hoje de manhã... Mas o seu próprio nome aparece constantemente como um potencial vencedor...
- Isso é um erro. O meu nome é falado na imprensa, mas não na Suécia. Isso é apenas falatório. [...]
- Conhece o trabalho de José Saramago?
- Não, não conheço."
(Entrevista de João Luz a Philip Roth, Jornal Expresso # 1929, 17 Outubro de 2009, revista Actual)
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"Podemos olhar para parte da obra de Saramago a partir de um ensaio de Sloterdijk sobre a aprendizagem na «cultura pânica», onde se fala do «ensino pela catástrofe» - essa ideia de que «somente o ensino prático do que é mau pode iniciar uma viragem para o que é melhor». A ideia é simples: os ouvidos e os olhos são meios frágeis de aprender, meios rudimentares, dir-se-ía. Só se aprende quando as coisas tremem e as catástrofes podem assim ser vistas como avisos, como algo mais forte que não tem outra forma de ensinar a não ser assustar-nos - e nesta categoria entrariam as calamidades naturais e outras; «quem não quer ouvir tem que sentir», escreve Sloterdijk, que realça nesse ensaio essa «aprendizagem com o pior no último minuto». Trata-se de uma «pedagogia pela catástrofe» em que se acredita que há «conexões imperativas entre a desgraça e o entendimento» e «energias didácticas e transformadoras da opinião que irradiam das tragédias»." [...]
(Gonçalo M. Tavares, revista Ler, Julho/Agosto 2010, nº93, p.49)
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- Como me disse que há escritores para quem o prémio se torna um farol...
- Ah, isso há. Agora mesmo, o Philip Roth está esperando o Nobel. Esse está claríssimo.
- Isso é claro, para si, também naquilo que ele tem escrito?
- Não é naquilo que ele escreve. É na postura.
- Seria um bom Nobel?
- Eu creio que sim. é um grande narrador. Um enorme narrador. Capaz de tornar fascinante qualquer descrição que faça. De uma situação de um lugar. É realmente muito bom. não me surpreenderia nada que fosse."
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(Entrevista de de Carlos Vaz Marques, em Julho de 2008, a José Saramago, revista Ler, Julho/Agosto 2010, nº93, p.64)

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