Gravações do Trio Fragata no bandcamp
domingo, 27 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
“Teodiceia – Onde estava Deus? Onde estava o homem?
Outro ponto de vista judeu (Rabi Eliezer Berkowitz) vê a contradição entre o livre-arbítrio e a constante presença de Deus como uma possível explicação para a retirada de Deus da sua própria criação (o “Esconder a Face”). Elie Wiesel sente-se dividido perante a impossibilidade da presença de Deus e a sua ausência de Auschwitz. Emil Fackenheim, numa série de análises penetrantes, aceita a presença de Deus na história, mas limita-a de acordo com a vontade divina. O surgimento de Israel no mundo do pós-holocausto é um sinal de esperança no retorno à presença de Deus, e a ordem resultante de Auschwitz é a preservarção do povo judeu. Richard Rubenstein vê o holocausto como uma ferramenta usada pelas forças do mal da sociedade para eliminar populações supérfluas num mundo frio e desprovido da presença Divina. Alexander Donat retira conclusões ateístas: Um Deus que permite - pela sua presença ou pela sua ausência - o assassinato de milhões de crianças inocentes é um Satanás e, por conseguinte, não pode existir.
A credibilidade do Cristianismo, na esteira do Holocausto, tem sido questionada, entre outros, por Franklin H. Littell e A. Roy Eckardt. Como pode o assassinato do povo escolhido (Messiah’s people), no meio da Cristandade e por apóstatas baptizados, ser justificado? Os mártires da Luta da Igreja contra o nazismo e os Justos Entre as Nações são apenas uma nota de rodapé ao Holocausto que, para alguns teólogos Cristãos é a principal crise teológica da presente geração. Do lado católico, John Pawlikowski, Rosemary Ruether entre outros, lutam com o problema da responsabilidade Cristã pelo Holocausto.
Littell, Eckardt, Pawlikowski e eu, temos sugerido a implementação um “sistema de alarme antecipado” que sirva para detectar, na democracia Ocidental, tendências anti-democráticas; sinais de racismo, de intolerância, de preconceito, sinais esses que conduzem ao genocídio. O Holocausto tornar-se-ia assim um sinal tremendo de aviso; um tema a invocar quando se quer evitar ser ou um perpetrador ou uma vítima. Tornou-se, entretanto, dolorosamente evidente que, de facto, não é necessário nenhum sinal de aviso prévio, uma vez que em todos os genocídios recentes, ou em acontecimentos similares, o aviso tem sido dado, bastante tempo antes de as tragédias acontecerem, pelos observadores, pelos mass media, pelos militares e pelos políticos. O que parece ser necessário não são avisos prévios - que têm existido - mas acção preventiva atempada e realizada por uma comunidade internacional ciente das suas responsabilidades.”
Bauer é um dos maiores investigadores do tema e um bom retrato da sua longa vida pode ser lido aqui.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
.JPEG mental: como o cérebro comprime informação visual
Aqui fica uma tradução (quase) integral:
"A maioria das pessoas conhece a ideia de compressão de imagens por computador. As extensões como '.jpeg' ou .'png' significam que milhões de valores de pixeis foram comprimidos para um formato mais eficiente (...), sem perda aparente de qualidade de imagem. Se assim não fosse, o ficheiro ocuparia demasiado espaço e a sua circulação nas redes informáticas seria inviável.
O cérebro enfrenta um problema similar. As células da retina sensíveis à luz [cones e bastonetes] captam imagens na ordem do megapixel. Ora, o cérebro não tem capacidade de transmissão ou de memória para lidar com imagens dessa magnitude ao longo da vida. Assim, deverá seleccionar apenas a informação necessária à compreensão do mundo visual.
(...)
Os investigadores descobriram que as células da área V4, pertencentes ao córtice visual primário e implicadas numa fase intermédia do processamento de objectos, (...) são selectivamente activadas por contornos fortemente curvilíneos ou angulares e respondem muito menos a linhas direitas ou ligeiramente curvadas.
(...) curvas muito acentuadas são relativamente raras na natureza comparativamente às linhas direitas ou ligeiramente curvadas. Responder às características raras e não às comuns é automaticamente económico.
(...)
A psicologia experimental tem demonstrado que conseguimos reconhecer objectos cujas linhas direitas foram apagados. Todavia, eliminar ângulos e outras regiões muito curvadas dificulta o reconhecimento. (...)
São mecanismos cerebrais como o sistema de codificação descrito por Connor e col. que nos ajudam a explicar porque somos génios em termos visuais.
Os computadores podem ser melhores do que nós na matemática e no xadrez, mas não conseguem igualar a nossa capacidade de discriminar, reconhecer, compreender, memorizar e manipular os objectos que compõem o mundo. Esta capacidade humana fulcral assenta, em parte, na síntese da informação visual, preparando-a para tratamentos posteriores. Para já, o formato .brain parece ser o melhor algoritmo de compressão do mercado."
* investigadores do Zanvyl Jrieger Mind/Brain Institute, Johns Hopkins University
(imagem retirada daqui)
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
auto-retrato, Thomas Gainsborough
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Estado Novo e desvio
" 'Politicamente, tudo o que não se vê, não é.'
A afirmação é de Salazar, e podia aplicar-se à intencionalidade do modelo carcerário desenvolvido a partir dos anos 30 pelo Estado Novo para 'internar' o 'chulo' o homossexual, o vadio, a prostituta, a criança em 'risco moral', o louco ou doente mental, o mendigo, alguns dos tipos sociais mitificados pelo regime na figura socialmente inútil e ameaçadoramente subversiva do 'vadio' ou 'indigente'. Estes não têm de corresponder à realidade, são antes uma amálgama das marginalidades e condutas consideradas desviantes pela moral do regime, na verdade, na sua maioria, aquilo a que hoje chamaríamos, fenómenos de exclusão social.
Quem fosse considerado como integrante destas categorias e personalidades desadequadas à ordem social, arriscava a prisão por longos períodos, frequentemente indeterminados, com o fim professado de 'reeducação' através da disciplina e do trabalho, naturalmente um fim sem sucesso, como reconhecido pelos próprios responsáveis destas instituições face às elevadas taxas de 'reincidência'."
Vitorino, S. (2007). "Actos contra a natureza": a repressão social, cultural e policial da homossexualidade no Estado Novo. Disponível aqui.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
"DEPOIS DE O SANGUE, DE PEDRO COSTA
era uma vez, como de todas as vezes,
os segredos
de encontro ao coração das árvores
lisos e de papel,
era uma vez,
o cancro algures
no corpo cansado
mais três crianças
uma de mãe, outra de pai
e o filho irremediavelmente perdido.
Este pai, este filho
e o corpo de tudo o resto.
plas mãos um fio de sangue.
começa-se.
Faça de mim o que quiser."
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Linguagem
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Novilíngua
**
Designação do Posto: Médicos do Mundo procura voluntários
**
País: Portugal "
No dia de São Valentim,
(Ler mais aqui.)
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Os filósofos e o nazismo (3)
"O limite moral dos nazis
(…) Havia também uma versão altamente distorcida da filosofia moral de Kant. Eichmann, durante o interrogatório, afirmou acreditar no “cumprimento do dever”: “ é, de facto, a minha norma. Tomei o imperativo kantiano como a minha norma, e fi-lo há muito tempo atrás. Orientei a minha vida por aquele imperativo, e continuei a fazê-lo nos sermões que dava aos meus filhos quando percebia que eles se estavam a desencaminhar.”…
Kant, que acreditava que as pessoas devem ser tratadas como fins em si mesmas e não como meios, teria ficado chocado com este kantiano. Todavia, há um lado da filosofia moral kantiana ao qual os nazis podiam reclamar uma certa adesão: refiro-me à ênfase colocada na obediência incondicional às regras. De acordo com Kant, as regras morais seriam geradas de forma puramente racional, de uma forma que é independente do seu impacto nas pessoas. E devem ser obedecidas por puro dever, em vez de por simpatia com as pessoas. Agir motivado por um sentimento de simpatia é, para Kant, agir por inclinação em vez de por dever, e por isso agir assim não tem valor moral. Os Nazis produziram uma variante sinistra desta moral austera e fechada sobre si.”
Salazarismo, Educação Cívica e Mendicidade
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
A informação (não?) conhece limites
"Entre 1986 e 2007 (...) a capacidade de computação a nível mundial aumentou 58% ao ano, a uma velocidade 10 vezes superior ao crescimento do PIB norte-americano."
"Estes números, apesar de impressionantes, são ínfimos face à ordem de grandeza com que a Natureza manipula informação.(...) Quando comparados com ela, não passamos de simples aprendizes. No entanto, a dimensão do mundo natural permanece constante, ao passo que a capacidade tecnológica de processamento de informação está a aumentar exponencialmente."
(Ler mais aqui; Tr. e adapt. DO)
"Deixem as Bibliotecas em paz. Vocês não compreendem o seu valor."
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Aharon Appelfeld
A história contada neste livro é a de um sobrevivente dos campos de concentração que deambula de comboio pela Áustria do pós-guerra em busca do nazi que assassinou os seus pais, um tal de Nachtigel.
O autor do livro vive em Israel e é ele próprio um sobrevivente dos campos de concentração. A sua escrita, a julgar pelas traduções inglesas (em português que se saiba não há nada traduzido), é escorreita, límpida e de uma simplicidade deslumbrante.
Para além de ter escrito muitos livros de ficção, é também autor de um magnífico livro autobiográfico intitulado A table for One - Under the Light of Jerusalem, escrito originalmente em inglês. Appelfeld conta aqui como muitos dos seus livros foram criados nos cafés entretanto desaparecidos, ou transformados, de Jerusalém.
Sobre os cafés como lugar de escrita:
"O que é que um café tem que o torna um lugar tão especial para uma pessoa se concentrar? Talvez aqui tenha que ser dito que hoje em dia a maioria dos cafés não são cafés, antes grandes espaços atafulhados de pessoas e invadidos por música violenta. Não espere encontrar aí tranquilidade alguma, ou algo misterioso, ou aquela conexão dissimulada com as pessoas que nos rodeiam. Tornaram-se apenas num ponto de encontro, de transacção, um lugar onde impacientemente se espera. Este tipo de cafés não é convidativo, nem foram concebidos para uma pessoa se sentar prolongadamente. Gostaríamos de sair dali o mais depressa possível. Os cafés verdadeiros são convidativos, tentam-nos com café fresco e um bolo acabado de sair do forno; oferecem-nos a oportunidade de passar uma ou duas preciosas horas connosco próprios"
(LFB)
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
sábado, 5 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Marshall Mc Luhan & Quentin fiore, The Medium is the Massage - An Inventory of Effects, (1ª edição 1967), Gingko Pres, 2001, p, 61. (Tr. LFB)
[O livro é uma colagem de imagem (a mão e a grade são a página 60 ) e texto (é toda a página 61) - quase como uma BD - que, por toda a sua capacidade de invenção e de antecipação de ideias, nos dá que pensar e que vale a pena ver nem que seja porque nos dizem que vendeu mais de uma milhão de cópias em todo o mundo!]