"A crise tudo explica e tudo justifica. Vende-se caro por causa da crise e vende-se barato por causa da crise. Pede-se esmola por via da crise e nega-se esmola por via da crise. Aumentam as rendas das casas devido à crise. Por causa da crise não se come, por via da crise não se bebe."
(Crónica do Diário de Notícias de Janeiro de 1933)
"Há uma palavra que se ajusta maravilhosamente à situação da quase totalidade das populações: Miséria. Só a boa índole, a mansidão e, diga-se a verdade, a profunda religião desta gente, torna possível que grandes proprietários, milionários, que gastam centenas de contos em automóveis e extravagâncias paguem 3$50 ou 4$00 por dia a um chefe de família. É absolutamente revoltante. E chegam a ter o desplante de se queixarem à polícia ou ao administrador do concelho quando um desgraçado rouba das suas imensas propriedades um molho de lenha!(...) Seguramente que três quartas partes da população vivem como ou pior que bichos. Trabalham de sol a sol (quando conseguem trabalhar) e vivem miseravelmente."
(Relatório do Governador Civil de Castelo Branco referente ao mês de Abril de 1935)
in Bastos, S.P. (1997). O Estado Novo e os seus vadios: contribuição para o estudo das identidades marginais e da sua repressão. Lisboa: Publicações Dom Quixote, pp.71-2.
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