
domingo, 14 de março de 2010
Estados de espírito

domingo, 7 de março de 2010
O JOGO DA CONSPIRAÇÃO
O que se segue é a minha resposta.
O Iraque foi uma conspiração da mesma maneira que a vacina contra a gripe A o é.
Eis algumas regras comuns às teorias da conspiração:
1) nunca estamos na posse de toda a informação relevante nem sabemos bem onde encontrá-la;
2) temos pessoas intelectualmente credíveis do lado da conspiração e do lado da desinformação (há um outro lado quem é o da realidade e tem sempre a ver com vidas e mortes mas que também podem resultar de outras conspirações: no caso da gripe os milhões de mortos da gripe de 1918 e o medo de que qualquer coisa de análogo se repita e nos apanhe; no caso do Iraque, as centenas de milhares de pessoas gaseadas e os milhões de oprimidos e o medo de que qualquer coisa análoga se repita e nos apanhe);
3) a ciência, a política e a ética misturadas e abusadas ao ponto de perderem qualquer credibilidade;
4) a lógica infinita das conspirações: o denunciador da conspiração - no caso o entrevistado - pode ser ele próprio um conspirador e assim sucessivamente;
5) o jeito que as conspirações dão a qualquer um dos lados - os maus tornam-se bons (o vírus e o regime totalitário de Saddam); e os bons tornam-se maus (o combate ao vírus e o combate aos totalitarismos);
6) o inimigo é sempre invisível e ligado à ganância e ao aproveitamento das desgraças dos outros (as companhias farmacêuticas e os interesses ligados com o petróleo e com as guerras);
7) a democracia e a liberdade tornam-se uma ilusão (a OMS e a América tornam-se uma conspiração risível);
8) a implicação assustadora de que todas as nossas referências têm um carácter ilusório e enganador;
Outras conspirações em construção sob a mesma lógica (sugere-se, como jogo, que tome uma posição, siga as regras apresentadas e retire as suas conclusões):
- o aquecimento global afinal é uma conspiração pseudo-científica (um caso curioso de cientistas contra cientistas);
- a crise económica mundial e nacional afinal é uma conspiração (a direita contra a esquerda, por exemplo);
- a fome no mundo afinal é uma conspiração (a desgraça dos outros contra os engraçados);
- a falta de qualidade dos alimentos processados é uma conspiração; (os grandes produtores de alimentos contra os grandes produtores de alimentos)
- eu próprio sou uma conspiração (eu contra mim).
(LFB)
Especialistas Apressados
sábado, 6 de março de 2010
Lagache, D. (1978). A Unidade da Psicologia. São Paulo: Edições 70. p. 21.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Secretária: Senhor Doutor, está um homem invisível na sala de espera.
Doutor: diga-lhe que eu não o posso ver.
Pode ter achado que esta anedota não contribuiu nada para explicar a distinção kantiana entre fenómeno e númeno, mas isso é porque há algo na tradução do alemão que se perdeu. Aqui vai a anedota tal e qual como nós a ouvimos num café na Universidade de Konigsberg:
Secretária: Herr Doctor está um ding an sich [coisa-em-si/númeno] na sala de espera.
Urologista: Outro ding an sich! Se eu vejo mais algum hoje, passo-me. Quem é?
Secretária: Como é que eu posso saber?
Urologista: Descreva-o.
Secretária: deve estar a brincar!
"
Cathcart T., & Klein, D., Plato and Platibus walk into a Bar - understanding Philosophy through jokes, Penguin,2007, p.64.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
sábado, 2 de janeiro de 2010
Foer, S., J., Eating Animals
Especialmente para aqueles que não querem perceber a ligação entre uma alimentação carnívora, o sofrimentos dos animais e as questões ambientais aqui vai, em jeito de bom ano novo, uma citação de um excelente livro acabadinho de sair:

"Os omnívoros contribuem sete vezes mais para o volume dos gases com efeito de estufa do que os vegetarianos.
"As NU resumem, do seguinte modo, os efeitos da industria de carnes: a criação de animais para alimentação (quer seja em fábricas de carne ou nas tradicionais quintas) «é uma das principais causas dos problemas ambientais mais preocupantes, e isto em qualquer escala, quer local quer global... Quando se trata de lidar com problemas como a degradação do solo, as alterações climáticas e a poluição do ar, a falta de água e a sua poluição, a perca de biodiversidade [a agricultura animal] deveria ser uma preocupação política. A contribuição da criação de gado para os problemas ambientais é gigantesca». Por outras palavras, se nos preocupamos com o ambiente, e se aceitamos os resultados científicos apresentados por fontes credenciadas, então devemos reflectir sobre a alimentação carnívora.
Dito de forma muito simples: alguém que come regularmente produtos vindos da industria de criação de animais não pode intitular-se ambientalista sem, com isso, divorciar a palavra do seu significado."
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Ao que uma discípula respondeu - toda a eternidade não, porque eu tenho que ir pagar a caixa à minha mãe!
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
O inquérito educativo
"Enfim, a hipnopedia, a maior força moralizadora de todos os tempos. (...)
- Até que o espírito da criança seja essas coisas sugeridas e que a soma dessas coisas sugeridas seja o espírito da criança. E não apenas o espírito da criança, mas igualmente o espírito do adulto, e para toda a vida. O espírito que julga, deseja e decide, constituído por essas coisas sugeridas. Mas todas essas coisas sugeridas são aquelas que nós sugerimos, nós!
- Com entusiasmo, o Director quase gritou. - Que o Estado sugere. "
(Huxley, A., Admirável mundo Novo, (tr.M.H.L.) Livros do Brasil,p.44. Os itálicos estão no texto original e são muito significativos)
Vivemos também o tempo dos inquéritos. Ninguém sabe nada sobre nada, por conseguinte, só realizando inquéritos vagos e preenchidos à pressa é que podemos saber o que se deve fazer. Na maioria dos casos, decide-se a posteriori, sem ter em conta o que quer que seja e na esperança de que os inquiridos fiquem com a ligeira sensação que contam para alguma coisa. Noutros casos, o que se faz é, vagamente, aquilo que a maioria dos inquiridos deseja, o que, como é de ver, nem sempre é o melhor.
Os dirigentes educativos regionais, como era esperado, andam sem norte e a bater pano (e os nacionais como andarão? Antes, diziam-me que na RAA um professor estava melhor do que 'lá fora', de repente, parece que é ao contrário...). Paulo Portas gritou a necessidade de repor a autoridade dos professores e logo chegaram às escolas pedidos de parecer sobre o tema. Muitas sugestões e indicações foram dadas pelas escolas. Resultado: nada e, dado o significado de autoridade docente, outra coisa não seria possível.
Fala-se de desburocracia. Resultado: os directores de turma deixaram de controlar as faltas dos professores do conselho de turma, coisa que já há anos é considerada absurda; embora muitos professores o fizessem, como noutras acções do mesmo género, de bom grado. Pensar que a imensidão de burocracia que submerge as escolas é aliviada com uma medida particular revela bem o rumo desta política educativa. Mas de imediato tal medida é anunciada em jornais e telejornais como medida exemplar de desburocratização.
A RTP-Açores e os jornais anunciaram, em voz pretensamente neutra, que no início do ano lectivo, todos os professores tiveram acções de formação sobre avaliação. Resultado: um professor dito formador passa um dia inteiro a ler em powerpoint o texto que todos os formandos têm nas suas mãos na vã esperança - e contra todas as boas regras didácticas e pedagógicas - que toda aquela massa de orientações, sugestões, critérios e grelhas fique, em triex (3X quer dizer: leitura em voz alta do texto projectado que é lido pelo leitor e ouvinte; espécie de hipnopedia), gravada nas cabeças vagamente atentas e prisioneiras da e na última sexta-feira antes do início das aulas.
No dia-a-dia, proliferam comissões que planeiam inquéritos sobre os mais variados assuntos mas que não têm tempo para perceber até que ponto são inúteis.
Ninguém parece olhar à sua volta. E esse é o grande objectivo político.
Todos projectam o seu futuro longe de tudo isto. E o futuro nunca foi problema político.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
"Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros omissos." (p.138)
A natureza é simples. A arte é atrapalhada." (p. 208)
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
sexta-feira, 31 de julho de 2009
inconstitucionalidades
Contra biotério em Portugal
sexta-feira, 19 de junho de 2009
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Jacques Ellul sobre técnica e televisão
