Um amigo meu, depois de ler a entrevista a Wolfgang Wodarg, presidente da Comissão de Saúde do Conselho da Europa, que denuncia a conspiração da gripe A, diz-me não ter caído na conspiração do Iraque, mas agora vacinou-se, e questiona se a partir de agora só haverá lucro com conspirações?
O que se segue é a minha resposta.
O Iraque foi uma conspiração da mesma maneira que a vacina contra a gripe A o é.
Eis algumas regras comuns às teorias da conspiração:
1) nunca estamos na posse de toda a informação relevante nem sabemos bem onde encontrá-la;
2) temos pessoas intelectualmente credíveis do lado da conspiração e do lado da desinformação (há um outro lado quem é o da realidade e tem sempre a ver com vidas e mortes mas que também podem resultar de outras conspirações: no caso da gripe os milhões de mortos da gripe de 1918 e o medo de que qualquer coisa de análogo se repita e nos apanhe; no caso do Iraque, as centenas de milhares de pessoas gaseadas e os milhões de oprimidos e o medo de que qualquer coisa análoga se repita e nos apanhe);
3) a ciência, a política e a ética misturadas e abusadas ao ponto de perderem qualquer credibilidade;
4) a lógica infinita das conspirações: o denunciador da conspiração - no caso o entrevistado - pode ser ele próprio um conspirador e assim sucessivamente;
5) o jeito que as conspirações dão a qualquer um dos lados - os maus tornam-se bons (o vírus e o regime totalitário de Saddam); e os bons tornam-se maus (o combate ao vírus e o combate aos totalitarismos);
6) o inimigo é sempre invisível e ligado à ganância e ao aproveitamento das desgraças dos outros (as companhias farmacêuticas e os interesses ligados com o petróleo e com as guerras);
7) a democracia e a liberdade tornam-se uma ilusão (a OMS e a América tornam-se uma conspiração risível);
8) a implicação assustadora de que todas as nossas referências têm um carácter ilusório e enganador;
O que se segue é a minha resposta.
O Iraque foi uma conspiração da mesma maneira que a vacina contra a gripe A o é.
Eis algumas regras comuns às teorias da conspiração:
1) nunca estamos na posse de toda a informação relevante nem sabemos bem onde encontrá-la;
2) temos pessoas intelectualmente credíveis do lado da conspiração e do lado da desinformação (há um outro lado quem é o da realidade e tem sempre a ver com vidas e mortes mas que também podem resultar de outras conspirações: no caso da gripe os milhões de mortos da gripe de 1918 e o medo de que qualquer coisa de análogo se repita e nos apanhe; no caso do Iraque, as centenas de milhares de pessoas gaseadas e os milhões de oprimidos e o medo de que qualquer coisa análoga se repita e nos apanhe);
3) a ciência, a política e a ética misturadas e abusadas ao ponto de perderem qualquer credibilidade;
4) a lógica infinita das conspirações: o denunciador da conspiração - no caso o entrevistado - pode ser ele próprio um conspirador e assim sucessivamente;
5) o jeito que as conspirações dão a qualquer um dos lados - os maus tornam-se bons (o vírus e o regime totalitário de Saddam); e os bons tornam-se maus (o combate ao vírus e o combate aos totalitarismos);
6) o inimigo é sempre invisível e ligado à ganância e ao aproveitamento das desgraças dos outros (as companhias farmacêuticas e os interesses ligados com o petróleo e com as guerras);
7) a democracia e a liberdade tornam-se uma ilusão (a OMS e a América tornam-se uma conspiração risível);
8) a implicação assustadora de que todas as nossas referências têm um carácter ilusório e enganador;
9) a Evidência (conspirativa?) de que somos levados pela corrente da verdade contra a falsidade.
Outras conspirações em construção sob a mesma lógica (sugere-se, como jogo, que tome uma posição, siga as regras apresentadas e retire as suas conclusões):
- o aquecimento global afinal é uma conspiração pseudo-científica (um caso curioso de cientistas contra cientistas);
- a crise económica mundial e nacional afinal é uma conspiração (a direita contra a esquerda, por exemplo);
- a fome no mundo afinal é uma conspiração (a desgraça dos outros contra os engraçados);
- a falta de qualidade dos alimentos processados é uma conspiração; (os grandes produtores de alimentos contra os grandes produtores de alimentos)
- eu próprio sou uma conspiração (eu contra mim).
Outras conspirações em construção sob a mesma lógica (sugere-se, como jogo, que tome uma posição, siga as regras apresentadas e retire as suas conclusões):
- o aquecimento global afinal é uma conspiração pseudo-científica (um caso curioso de cientistas contra cientistas);
- a crise económica mundial e nacional afinal é uma conspiração (a direita contra a esquerda, por exemplo);
- a fome no mundo afinal é uma conspiração (a desgraça dos outros contra os engraçados);
- a falta de qualidade dos alimentos processados é uma conspiração; (os grandes produtores de alimentos contra os grandes produtores de alimentos)
- eu próprio sou uma conspiração (eu contra mim).
(LFB)
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