segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Secretária: Senhor Doutor, está um homem invisível na sala de espera.
Doutor: diga-lhe que eu não o posso ver.
Pode ter achado que esta anedota não contribuiu nada para explicar a distinção kantiana entre fenómeno e númeno, mas isso é porque há algo na tradução do alemão que se perdeu. Aqui vai a anedota tal e qual como nós a ouvimos num café na Universidade de Konigsberg:
Secretária: Herr Doctor está um ding an sich [coisa-em-si/númeno] na sala de espera.
Urologista: Outro ding an sich! Se eu vejo mais algum hoje, passo-me. Quem é?
Secretária: Como é que eu posso saber?
Urologista: Descreva-o.
Secretária: deve estar a brincar!
"
Cathcart T., & Klein, D., Plato and Platibus walk into a Bar - understanding Philosophy through jokes, Penguin,2007, p.64.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
sábado, 2 de janeiro de 2010
Foer, S., J., Eating Animals
Especialmente para aqueles que não querem perceber a ligação entre uma alimentação carnívora, o sofrimentos dos animais e as questões ambientais aqui vai, em jeito de bom ano novo, uma citação de um excelente livro acabadinho de sair:

"Os omnívoros contribuem sete vezes mais para o volume dos gases com efeito de estufa do que os vegetarianos.
"As NU resumem, do seguinte modo, os efeitos da industria de carnes: a criação de animais para alimentação (quer seja em fábricas de carne ou nas tradicionais quintas) «é uma das principais causas dos problemas ambientais mais preocupantes, e isto em qualquer escala, quer local quer global... Quando se trata de lidar com problemas como a degradação do solo, as alterações climáticas e a poluição do ar, a falta de água e a sua poluição, a perca de biodiversidade [a agricultura animal] deveria ser uma preocupação política. A contribuição da criação de gado para os problemas ambientais é gigantesca». Por outras palavras, se nos preocupamos com o ambiente, e se aceitamos os resultados científicos apresentados por fontes credenciadas, então devemos reflectir sobre a alimentação carnívora.
Dito de forma muito simples: alguém que come regularmente produtos vindos da industria de criação de animais não pode intitular-se ambientalista sem, com isso, divorciar a palavra do seu significado."
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Ao que uma discípula respondeu - toda a eternidade não, porque eu tenho que ir pagar a caixa à minha mãe!
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
O inquérito educativo
"Enfim, a hipnopedia, a maior força moralizadora de todos os tempos. (...)
- Até que o espírito da criança seja essas coisas sugeridas e que a soma dessas coisas sugeridas seja o espírito da criança. E não apenas o espírito da criança, mas igualmente o espírito do adulto, e para toda a vida. O espírito que julga, deseja e decide, constituído por essas coisas sugeridas. Mas todas essas coisas sugeridas são aquelas que nós sugerimos, nós!
- Com entusiasmo, o Director quase gritou. - Que o Estado sugere. "
(Huxley, A., Admirável mundo Novo, (tr.M.H.L.) Livros do Brasil,p.44. Os itálicos estão no texto original e são muito significativos)
Vivemos também o tempo dos inquéritos. Ninguém sabe nada sobre nada, por conseguinte, só realizando inquéritos vagos e preenchidos à pressa é que podemos saber o que se deve fazer. Na maioria dos casos, decide-se a posteriori, sem ter em conta o que quer que seja e na esperança de que os inquiridos fiquem com a ligeira sensação que contam para alguma coisa. Noutros casos, o que se faz é, vagamente, aquilo que a maioria dos inquiridos deseja, o que, como é de ver, nem sempre é o melhor.
Os dirigentes educativos regionais, como era esperado, andam sem norte e a bater pano (e os nacionais como andarão? Antes, diziam-me que na RAA um professor estava melhor do que 'lá fora', de repente, parece que é ao contrário...). Paulo Portas gritou a necessidade de repor a autoridade dos professores e logo chegaram às escolas pedidos de parecer sobre o tema. Muitas sugestões e indicações foram dadas pelas escolas. Resultado: nada e, dado o significado de autoridade docente, outra coisa não seria possível.
Fala-se de desburocracia. Resultado: os directores de turma deixaram de controlar as faltas dos professores do conselho de turma, coisa que já há anos é considerada absurda; embora muitos professores o fizessem, como noutras acções do mesmo género, de bom grado. Pensar que a imensidão de burocracia que submerge as escolas é aliviada com uma medida particular revela bem o rumo desta política educativa. Mas de imediato tal medida é anunciada em jornais e telejornais como medida exemplar de desburocratização.
A RTP-Açores e os jornais anunciaram, em voz pretensamente neutra, que no início do ano lectivo, todos os professores tiveram acções de formação sobre avaliação. Resultado: um professor dito formador passa um dia inteiro a ler em powerpoint o texto que todos os formandos têm nas suas mãos na vã esperança - e contra todas as boas regras didácticas e pedagógicas - que toda aquela massa de orientações, sugestões, critérios e grelhas fique, em triex (3X quer dizer: leitura em voz alta do texto projectado que é lido pelo leitor e ouvinte; espécie de hipnopedia), gravada nas cabeças vagamente atentas e prisioneiras da e na última sexta-feira antes do início das aulas.
No dia-a-dia, proliferam comissões que planeiam inquéritos sobre os mais variados assuntos mas que não têm tempo para perceber até que ponto são inúteis.
Ninguém parece olhar à sua volta. E esse é o grande objectivo político.
Todos projectam o seu futuro longe de tudo isto. E o futuro nunca foi problema político.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
"Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros omissos." (p.138)
A natureza é simples. A arte é atrapalhada." (p. 208)
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
sexta-feira, 31 de julho de 2009
inconstitucionalidades
Contra biotério em Portugal
sexta-feira, 19 de junho de 2009
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Jacques Ellul sobre técnica e televisão

segunda-feira, 1 de junho de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
O processo
... A civilização ocidental é composta de comunidades ligadas entre si por um processo político e pelos direitos e deveres do cidadão, nos termos em que este [estes] é definido por aquele processo. É paradoxal o facto de ser a própria existência deste processo político que nos permite viver sem política. Tendo entregue a tarefa da governação a instâncias definidas, ocupadas sucessivamente por indivíduos que estão ao serviço, e não acima, de quem os elegeu, podemos dedicar-nos ao que nos verdadeiramente importa: os interesses privados, os afectos pessoais e os costumes sociais nos quais encontramos satisfação. Ou seja, a política permite separar a sociedade do estado, retirando assim a política da nossa vida privada. Onde não existe processo político não existe esta separação. Num estado totalitário ou numa ditadura militar tudo é político precisamente porque nada é político. Onde não existe processo político, tudo o que acontece diz directamente respeito a quem está no poder, uma vez que tudo representa para este uma ameaça potencial."
(Scruton, Roger, O ocidente e o Resto, Guerra e Paz, tr. V.F.P., 2006, pp.30-31[infelismente, a tradução e a revisão do livro revelam-se fracas])
segunda-feira, 18 de maio de 2009
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Animais
(Darwin, 1837)
"Todos os animais, excepto o homem, sabem que a principal regra da vida é viver bem (enjoy it) e eles vivem bem tanto quanto o homem e outras circunstâncias o permitem."
(Butler, 1903)
"Quatro pernas bom, duas pernas mau."
"Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que outros."
(Orwell, 1945)
O touro às vezes sofre: a prova?
Os defensores da introdução da sorte de varas andam no parlamento regional meio escondidos (um está mesmo desaparecido) e sem terem a certeza do que vai realmente acontecer. A pressão económica associada ao ímpeto irracional do turismo não parece ter sido suficiente para convencer a maioria. Folia, dinheiro e tradição nunca se deram bem com a avaliação serena de razões.
Do lado dos amigos dos animais, vejamos a opinião do professor Carlos Enes. Para ele, as touradas à corda são "brincar com os toiros". E é bonito ver o povo. Mas as touradas na praça já são uma barbárie. Pergunto eu, que sou um defensor do vegetarianismo (apesar de nem sempre ser vegetariano): como é que o Exmo. professor prova que o sofrimento total dos touros à corda (incluindo transporte, estacionamento e corrida, por vezes bastante sanguinária como se sabe, embora o sangue não seja, necessariamente prova de sofrimento) é menor do que o provocado nas touradas de praça? E, admitindo que é menor - o que não me parece nada claro - por que é que isso tornaria as touradas de corda eticamente aceitáveis? Não pode ser apenas por tradição. Como sabemos os argumentos baseados na tradição são altamente falaciosos. A escravatura já foi tradição e tivemos que acabar com ela. O incentivo ao consumo de álcool por menores é tradição nos costumes das "nossas gentes", mas teremos que acabar com ele. Simplesmente porque é errado.