Gravações do Trio Fragata no bandcamp

terça-feira, 29 de junho de 2010

Alto lá! Cesarianos.

Há dias, no Diário insular, Carlos Bessa publicou um excelente artigo de opinião onde denuncia a inanidade da última ideia de César e da sua equipa educativa: a criação de plano regional de leitura com obras escritas por autores regionais que receberiam dinheiro público para escreverem livros a incluir naquele plano. A ser verdade, a coisa é muito grave.

A AÇORIANITE - o vírus político e propagandístico de que tudo o que nos Açores se faz é muito bom desde que seja feito para e pelas "nossas gentes" (pode incluir continentais prestáveis e, sobretudo, que gostem muitos das ilhas) - atingiu o ponto de pandemia regional que só uma terapia universal à base de muito Huxley, Kafka e Orwell nos poderá salvar.

Já não bastavam as contradições de um curriculum regional com alterações subjectivas - quer dizer sem nenhuma razão aparente, sem estudo prévios, sem sequer uma bibliografia - da carga horária de algumas disciplinas e com a inclusão no programa da disciplina de Cidadania de uma coisa chamada “empreendedorismo”. Curriculum aprovado contra todos, mas não sem antes pedir parecer a todas as partes interessadas. É esta a pedagogia exemplar dos políticos da cidadania: parecer que se ouve é igual a ouvir.

Já não bastava a publicidade hilariante e enganosa - não fosse brincar com o dinheiro dos outros uma coisa séria - feita a objectos de qualidade duvidosa como, por exemplo, um hotel de cinco estrelas na Praia da Vitória com 50 % pago pelo governo regional - já está de pé! - e anunciado, na RTP Açores, pelo empresário como "um empreendimento" (aonde é que já ouvi este som?) "garantido, agora que a crise já está a passar" (isto em Março de 2010)! Exemplar Cidadania!

Já não bastava a nebulosa Academia da juventude (cinco milhões pagos pela Câmara da Praia da Vitória e um milhão pago pelo governo) que ainda ninguém percebeu para que vai servir. Não deveria ser ao contrário, primeiro saber o que é preciso e depois fazer? Já não bastava ter a televisão regional ao serviço de César e a RDP1 silenciada como parte do jogo de apagar da consciência açoriana a ideia de que existe uma coisa chamada Portugal e da qual nós somos parte. Já não bastava a opinião dos especialistas a indicar que a construção (de estradas, edifícios com nomes pomposos, marginais, portas do mar, et cetera) não implica desenvolvimento efectivo mas sim endividamento efectivo e prolongado de várias gerações. Teria sido útil, por exemplo, perguntar às pessoas do concelho da Praia da Vitória se queriam investir parte do seu futuro e dos seus filhos naquelas construções. Já não bastava sabermos que os Açores são a região mais pobre do país (50 mil pobres e 50 mil vulneráveis à pobreza).

Já não bastava a doutrinação silenciosa da qual emerge a JUVENTUDE CESARIANA apaziguada, obediente e acrítica (o contrário de uma juventude saudável) que, em conjunto com os seniores e sob a presidência de César, vai preenchendo o vazio dos cargos que vão proliferando. Essa juventude tem ideias, não tem é espírito aberto e vê mal ao longe. O que a move é a vontade de apagar o Mundo das cabeças das “nossas gentes” , já que na sua cabeça não há outro mundo que não o seu.

Agora, ao que parece, querem sobrepor ao plano nacional (com obras internacionais) um plano regional de leitura obrigatória (com obras regionais). Claro que tudo será feito à maneira do socialismo educado. Certamente algumas obras “de fora” serão incluídas como opção na nova lista e pedir-se-ão pareceres a todos os leitores da região. Tudo será conforme à lei; esta é a excelência do socialismo: se é legal é moral.

O silêncio impera e o pó acumular-se-á. Leitores é que continuarão a ser muito poucos. E talvez já venha sendo tempo de as pessoas de bom senso se juntarem para dizer, como Carlos Bessa: Alto Lá!
(LFB)

domingo, 27 de junho de 2010

Luxos sociais

"As Elliot Liebow (1993) writes, about services for the homeless, 'To enter the system is to enter a world of uncertainty, where one may be treated with exquisite compassion one day and contempt the next; a world of hurry-up-and-wait, of double-binds and contradictions, where arbitrary and differential treatment, and myriad rules and regulations, triumph over the very purposes of the system itself.'"

in Marris, P. (1996). The Politics of Uncertainty: attachment in private and public life. London: Routledge, p. 131.

terça-feira, 8 de junho de 2010

As cadeiras têm sangue?

Estados de espírito

"Na realidade, cobrir de erva toda a terra do mundo onde actualmente são cultivados cereais para alimentar ruminantes permitiria compensar, em larga medida, as emissões de combustível fóssil. Se, por exemplo, os 16 milhões de acres que agora produzem milho para alimentar vacas, nos EUA, fossem convertidos em pastagens bem geridas, isso bastaria para remover da atmosfera mais de 6 milhões de toneladas de carbono por ano, o equivalente a retirar 4 milhões de carros da estrada. Raramente pensamos no contributo da agricultura para o aquecimento global, mas um terço dos gases que o homem lançou para a atmosfera implicados no efeito de estufa podem ser atribuídos a esta actividade."

(Pollan, M., O Dilema do Omnívoro, (tr.), D. Quixote, 2009, p. 205)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Porque é que o Papa usa saias?