Gravações do Trio Fragata no bandcamp

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Coisas boas sobre o mal: duas visões

"Chegamos agora a uma descoberta que parece ser central para compreender a ideia e mal. O mal não tem, ou parece não ter, finalidade prática. O mal é supremamente inútil. Qualquer coisa monótona como uma finalidade mancharia a sua pureza letal.  Nisto assemelha-se a Deus que, a existir, não tem absolutamente nenhuma razão para fazê-lo. Ele é a sua própria razão de ser. E criou o universo, não por haver alguma finalidade, mas apenas por prazer (just for fun). O mal rejeita a lógica da causalidade. Se tivesse uma finalidade à vista, auto-dividir-se-ia, não seria auto-idêntico, estaria à frente de si mesmo. Mas o nada não pode ser dividido dessa forma. É por isso que não pode existir realmente no tempo. Pois o tempo é uma questão de diferença, e o mal é aborrecidamente e perpetuamente o mesmo. É neste sentido que se diz que o inferno é para toda a eternidade."
(Eagleton, Terry, On evil, Yale U.P., 2010, pp. 84-85. Tr LFB)

A visão literária: Um interessante livro que, a partir das ideias psicanalistas e marxistas (combinação exuberante!) realiza um estudo feito a partir de obras literárias para compreender o problema do mal.  


"The standard explanation is that the Holocaust (sadly, as we shall see, echoed in many cultures historically across the globe) is an example of the “evil” that humans are capable of inflicting on one another. Evil is treated as incomprehensible, a topic that cannot be dealt with because the scale of the horror is so great that nothing can convey its enormity. The standard view turns out to be widely held, and indeed the concept of evil is routinely used as an explanation for such awful behaviors: Why did the murderer kill an innocent child? Because he was evil. Why did this terrorist become a suicide bomber? Because she was evil. But when we hold up the concept of evil to examine it, it is no explanation at all. For a scientist this is, of course, wholly inadequate. What the Nazis (and others like them) did was unimaginably terrible. But that doesn’t mean we should simply shut down the inquiry into how people are capable of behaving in such ways or use a nonexplanation, such as saying people are simply evil. As a scientist I want to understand what causes people to treat others as if they were mere objects. In this book I explore how people can treat each other cruelly not with reference to the concept of evil, but with reference to the concept of empathy. Unlike the concept of evil, empathy has explanatory power. In the coming chapters I put empathy under the microscope."
Simon, Baron - Cohen, The Science of Evil, Basic Books, 2011, Highlight Loc. 114-24.

A visão científica: Uma tentativa de produzir uma explicação científica para a crueldade e para o problema do mal. O autor é um reconhecido psicopatologista da Universidade de Cambridge que aqui apresenta um estudo sobre a forma como aquilo que ele designa 'a corrosão da empatia' pode estar na origem do mal.
 

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