Nos Açores o jornalismo, como muitas outras coisas, é, na maior parte dos casos, fraco, e nos restantes mau. Quer se trate de radio, televisão ou jornais, a informação é transmitida, muitas vezes, de formas que roçam o absurdo, o falso e, nalguns casos, o conveniente. Basta ver os programas informativos da
RTP Açores para ver como a formação jornalística - que, pelo menos, deveria ensinar as pessoas a falar e a escrever bem português - é, regra geral, inexistente. Se se quiser ver como é possível conjugar a falta de postura ética com a incapacidade de articular frases simples e de pronunciar correctamente as palavras, basta ouvir alguns momentos do incrível programa da
RDP Açores intitulado Inter-ilhas. (Enquanto a RDP
1 realiza fóruns temáticos sobre os temas da actualidade, aos açoreanos, como não têm (ainda!) RDP
1, resta-lhes a barbárie, disfarçada de intelectualidade intocável.) Mas a acção mais condenável - e certamente a mais frequente - traduz-se na introdução sub-reptícia de preconceitos contra as regalias e contra os direitos das pessoas. Esta é uma das formas mais usadas pelos jornalistas para dar sentença (e condenação) sobre coisas que não são do seu agrado, como se todas as pessoas fossem facilmente influenciáveis e como se o dever de um jornalista não fosse - acima de tudo - informar e, na medida do possível, de modo neutro. Veja-se o caso, menor é certo, mas sintomático, de um jornalista não identificado que ao escrever uma notícia no
Diário Insular sobre a falta de estores numa sala da Escola Vitorino Nemésio, termina afirmando que muitos dos funcionários "foram de férias" porque candidatos políticos nas autárquicas, rematando que, só daquela escola, "foram muitos" os funcionários que se candidataram e "alguns" professores. É assim que se contribui para o descrédito da educação, da política e dos tão falados "direitos adquiridos."
(LFB)