sábado, 27 de janeiro de 2018

Pavel Friedmann, A Borboleta

A última, a última das últimas,
Tão intensa, brilhante, estonteantemente amarela.
Talvez se as lágrimas do sol cantassem
Sobre uma branca pedra.
Tanto, tanto amarelo
Alto levado levemente.
Assim se vai porque tenho a certeza que deseja
beijar o mundo com um a-deus.
Há sete semanas que vivo aqui,
Dentro deste gueto encurralado.
Mas descobri o que aqui amo,
Chamam-me os dentes-de-leão
E os braços da castanha branca.
Só mais nenhuma borboleta vi.
Aquela borboleta foi a última.
As borboletas não vivem aqui,
no gueto.

(Tr. Ana Paula Inácio, retirado de Susan Willoughby, Art, Music and Writngs from the Holocaust, Heinemann, p. 42) 
 
 

Evocação ao Dia Internacional das Vítimas do Holocausto 28/1/2018

 

Sem comentários: