domingo, 19 de junho de 2011

Nobreza de Espírito

Nobreza de Espírito - Um Ideal Esquecido"O mundo ocidental atribui superioridade a tudo o que é novo e veloz e mostra progresso. A História é excomungada, como conclui Osip Mandelstam. As tradições não contam; a eternidade e a transcendência já não são reconhecidas. O resultado inexorável desta nova ordem é o de que o significado já não existe porque já não pode ser conhecido. Na melhor das hipóteses, é tido em consideração por um instante, ao critério de cada um. Medida, valor, o que perdura no mundo transitório - tudo desaparece. São substituídos pelo niilismo, o culta da ausência de valores. A verdade é reduzida a uma entidade empírica ou matemática e já não é o ideal ao qual a realidade deve aspirar.A "era moderna" e a arte que produz não podem ser entendidas sem uma consciência da perda dessa eternidade e das relações subsequentes.

À mercê tanto do presente como da mortalidade, um ser humano não pode ser senão apressado, assediado, abandonado num universo sem sentido, perseguido pela falta de tempo. Mas as pessoas, como Sócrates aprende com Diotima, estão apaixonadas pela imortalidade, que as torna receptivas aos "sucedâneos de Deus" - palavras de Nietzsche. O "Império dos Mil Anos" e a "Utopia comunista" são inventados explicitamente como alternativas seculares à eternidade que foi expulsa. A sociedade ocidental tem as mesmas aspirações dos fascistas e dos comunistas. Não é por acaso que os seus pilares mais importantes, os meios de comunicação de massas e a economia social-capitalista, proclamam as virtudes do que é novo, veloz e progressista - tudo ao nível dos bens de consumo - e depois oferecem-nos a liberdade de sermos felizes com as nossas maquinetas. Temos de nos sentir eternamente jovens, ver sempre o que é novo como superior, aceitar que as limitações não existem - e será melhor esquecermos a morte."

(Riemen, Rob, Nobreza de Espírito, (tr.) Bizâncio, 2011, pp. 51-52)

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