Estados Unidos
1932-1993
AÇORES
Grandes navios verdes
eis que navegam
ancoradas, para sempre;
sob as águas
enormes raízes de lava
prendem-nas firmes
a meio do Atlântico
ao passado
Os turistas, pasmando
do convés
proclamam aos guinchos lindas
as encostas malhadas
De casinhas
(confettis) e
doces losangos
de chocolate (terra).
Maravilham-se com
os campos graciosos
e os socalcos
feitos à mão para conter
Os modestos frutos
das vinhas e das árvores
importadas pelos
portugueses:
paisagem rural
vindo à deriva
de há séculos;
a distância
O navio segue,
Outra vez a constante
música alimenta
um vazio à popa,
os Açores sumidos.
O vácuo atrás e o vácuo
à frente são o mesmo.
Poesia do Século XX (ant., tr., pre. e notas de Jorge de Sena, Fora do Texto, 1994, pp.454-455)
Sem comentários:
Enviar um comentário