Bernard -Henri lévi (BHL), mimetizando a viajem que Alexis de Tocqueville fez em 1831/32 e que deu origem ao livro A democracia na América, fez aquilo que qualquer homem político deveria fazer: viajou pela América, observou, falou com os americanos e escreveu sobre a experiência. O resultado é o livro American Vertigo (que eu não li, baseio este texto apenas na entrevista que BHL deu ao Ípsilon de 4 de Maio).
BHL defende que todos os clichés que a esquerda europeia exibe à boca cheia sobre a América são falsos, ou então que as coisas são muitos mais complexas do que o anti-americanismo nos quer fazer crer. Vindas de um intelectual da esquerda francesa vale a pena reter algumas das suas muito discutíveis ideias:
1) catalogar a América de imperialista é uma ideia a rever (os imperialismo estiveram sempre na Europa, e foi contra eles que a nação americana se revoltou. O peso da tradição imperialista é uma coisa dos países europeus e não da América);
2) a América tem um sistema de saúde e de segurança social que é "uma mistura de público e privado";
3) a segregação racial nos estados do sul é, em grande parte, uma coisa do passado;
4) A América é materialista mas "é provavelmente o país mais religioso do mundo";
5) Guantánamo "é inadmissível (...) mas não é o Gulag", este significou "dezenas de milhões de mortos aquele algumas centenas de prisioneiros sem direitos, em alguns casos torturados";
6) a democracia liberal é boa para todos e é preciso derrubar os ditadores, o que faltou à América no Iraque foi "um consenso Internacional, aliados no terreno e um plano de reconstrução";
7) "O anti-americanismo é uma ideia [com origens] na extrema direita" europeia; é uma ideia fascista contra uma nação democrática; é grave que a esquerda actual o queira introduzir nos seus programas políticos porque transporta consigo os perigos do nacionalismo fascista baseado na "raça" e no "sangue";
8) A luta contra o terrorismo islâmico é uma luta política contra o fascismo de origem ideológica europeia e não uma luta religiosa (é simplista pensar que o terrorismo existe porque os terroristas, orientados por gente cheia de dinheiro, passam fome e são dominados pelo imperialismo americano).
(LFB)
Sem comentários:
Enviar um comentário