domingo, 4 de dezembro de 2005

os livros que ando a ler


Sempre tive a mania de ler vários livros ao mesmo tempo. Levo muito mais tempo a terminá-los mas tenho diferentes prazeres vindos de diferentes quadrantes. Falarei, nesta rubrica, de algumas das minhas leituras actuais. Começo pelo livro de Thomas Friedman, The World is Flat. A brief History of the Twenty-first century (Farrar, Straus and Giroux, 2005. Já traduzido em português, mas desconheço a qualidade da tradução). Comprei-o, acabadinho de sair, na livraria da "base" (acerca desta um destes dias escreverei). O livro é uma lufada de ar fresco no tema da globalização e no seu valor. Já há algum tempo que a luta anti-globalização da (suposta) esquerda me deixa indignado e mal disposto. Nunca cheguei a compreender as razões anti-globalização de pessoas que vivem num mundo altamente globalizado e que não querem deixar de viver nele nem de participar e usufruir do conforto deste nosso mundo. De qualquer modo, ainda não tinha assimilado totalmente o significado, a importância e a linguagem da globalização - uma mistura de comunicação, informática e economia. Nem tinha percebido a forma como o mundo tem vindo a ficar mais plano (mais igualitário?) através da sucessivas vagas de globalização. Três segundo o autor. A que começou com Colombo e cuja força principal era a capacidade de os países competirem e de colaborarem entre si. A que começou em 1800 com a industrialização e com o desenvolvimento das multinacionais (o mundo ficou mais plano graças aos transportes e às comunicações). E a vaga presente resultante das inovações tecnológicas possibilitadas pela pelo cabo de fibra óptica e pela World Wide Web. A importância da queda do muro de Berlin (9 do 11) e, consequentemente, das ideias de esquerda que impediram a afirmação individual, é destacada. Conceitos como out-sourcing, free-sourcing, ofshore, são claramente explicados de forma interessante e descomprometida, sendo apresentado o modo como, por exemplo, países como a Índia ou a China foram e estão a ser capazes de se tornar altamente competitivos neste novo mundo altamente globalizado. Também por esta via se percebe porque é que Portugal não tem sido capaz de afirmar positivamente: dito de forma simples, falta-lhe institutos de Tecnologia de excelência. Institutos que a Índia, por exemplo, começou a criar há cinquenta anos.
Nesta terceira vaga a força impulsionadora são os indivíduos e a sua capacidade de competir globalmente entre si. 'Qual é o meu papel neste mundo globalizado?' é a questão que se coloca a qualquer indivíduo que perceba o que está em jogo neste novo século.
Podemos vislumbrar aqui uma implicação entre a concepção de indíviduo livre surgida do estado liberal e a sua plena afirmação neste novo século tecnológico. A discussão desta tese e das suas implicações pós 11 de Setembro (11 do 9) parecem-me reservadas para as últimas 100 páginas do livro, onde ainda não cheguei.
(LFB)

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