sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Públicos


Finalmente vi a exposição de fotografia de Sandra Rocha “Retratos da Nossa Gente” no CCCAH. Há aqui uma ideia simples mas a funcionar bem que é a de fotografar figuras 'típicas ' da ilha Terceira e expô-las em tamanho real. Resulta aqui e em qualquer parte do mundo, e não é feita para mostrar a nenhum grupo particular. É um bom exemplo de como a arte, mesmo que seja feita nas ilhas e sobre as ilhas, não tem que resultar no provincianismo fólclorico - 'vamos levar a cultura açoreana às comunidades açoreanas emigradas' (havendo até uma secção do governo regional que está encarregue de levar a cultura açoreana aos açoreanos!).
A arte é universal e, se for boa, não tem que ser reduzida nem a um público nem a um espaço particulares. No entanto, são muito poucos os exemplos de coisas feitas nos Açores que não padecem desse mal regional. Faz-se música para açoreanos, faz-se pintura açoreana (quase só paisagem) para açoreanos.
É claro que este regionalismo artístico tem a vantagem de criar a ilusão de que o mundo somos nós e apenas nós, e é por isso - porque apagamos, como que por magia, toda a arte universal com a qual deveríamos estar em constante confronto - que somos os maiores artistas do mundo.


(LFB)

Sem comentários: