"Duas noites antes de sair de Richmond fez uma visita aos Talley, uns velhos amigos a quem se declarou confiante e esperançoso. Poe revelou-lhes que 'as últimas semanas em contacto com os seus novos e velhos amigos tinham sido das mais felizes que tinha vivido nos últimos anos' e que acreditava estar prestes 'a deixar para trás todos os problemas e vexames do passado da sua vida.' Talley adicionou um post scriptum a este encontro pleno de alegria. 'Ele foi o último da festa a sair da nossa casa. Nós estávamos no alpendre, e, depois de avançar alguns passos, deteve-se, virou-se e voltou a levantar o chapéu, num último adieu. Nesse exacto momento, um meteorito brilhante surgiu no céu directamente sobre a sua cabeça, e desapareceu para leste.
Na noite seguinte, a última antes da sua partida, Poe encontrou-se com Elmira Shelton. Posteriormente, esta escreveu a Maria Clemm explicando que 'ele estava bastante triste e queixoso por se sentir doente. Tomei-lhe o pulso, e descobri que tinha muita febre'. A Sra. Shelton acreditava que Poe estava demasiado doente para viajar no dia seguinte, mas para sua mágoa e surpresa, descobriu que ele tinha realmente apanhado o vapor para Baltimore. Poe dava assim início à viagem fatal que iria culminar com a sua morte, tal como foi relatada no primeiro capítulo deste livro. Seis dias mais tarde, seria encontrado destroçado numa taberna em Baltimore. Ninguém sabia onde é que ele tinha estado ou o que tinha andado a fazer. Teria Poe, no estado perturbado em que se encontrava, deambulado pela cidade? Teria sido usado para propósitos de fraude eleitoral numa cidade conhecida pela sua pouca seriedade política? Teria um tumor no cérebro? Trata-se de um mistério tão atormentador como os que se podem encontrar nos seus contos. Poe morreu num hospital num domingo, a 7 de Outubro de 1849. Tinha quarenta anos de idade."
(166-167)
3 comentários:
oxidando Fiodor Dostoiévski:
(…) Acredito apenas na minha ideia principal, que consiste precisamente em que as pessoas, pelas leis da natureza, se dividem em geral em duas categorias: a inferior (vulgares), ou seja, por assim dizer, o material que serve unicamente para engendrar semelhantes; e os homens propriamente ditos, ou seja, as pessoas que possuem o dom ou o talento de dizer, no seu meio, uma palavra nova. (…) a primeira categoria, ou seja, o material, consta em geral de pessoas conservadoras por natureza, correctas, que vivem na obediência e gostam de ser obedientes. (…) A segunda categoria consta dos que violam a lei, que são destruidores ou têm propensão para o serem, consoante as suas capacidades. (…) A primeira categoria é sempre senhora do presente, e a segunda é a senhora do futuro. (p. 245)
Crime e Castigo, Presença, 2002
destilando o mesmo letrado:
"Viver mais de quarenta anos é inconveniente , vulgar, imoral!Quem vive mais de quarenta anos? Respondam sinceramente, de boa fé. Já lhes digo: os imbecis e os patifes."(p.7)
O Jogador E Outras Obras, Estúdios Cor, 1965
"Galinha o poe!"
Enviar um comentário