Citando: Blaise Cendrars 14. Chegam os Profetas. Deus expõe o seu plano, que é realizar as profecias. Vai daí, cada qual defende e preconiza a sua...Gritos, discussões, gestos largos. Há judeus que puxam a barba a outros. Naum, Amós, Miqueias, os Três profetas menores do canhão, mostram-se de uma singular violência. Deus empurra-os pelos ombros e põe-nos fora do quarto. 15. Menelik entra e mete-lhe debaixo dos olhos uma fotografia da Notre-Dame de Paris com o Anjo empoleirado na cumeeira entre as duas torres, com a trombeta na mão. explica-lhe que é Thouroulde, o tão corajoso poeta francês que soprou a trompa de marfim de Ronaldo. Diz que é pessoa para lhe fazer o trabalhinho. Deus concorda. Manda uma mensagem cifrada ao Anjo N.-D. QUARTO CAPÍTULO O ANJO N.-D. OPERADOR DE CÂMARA 16. Paris. Vista geral. A roda; a torre; o Sacré-Coeur; o panteão; as pontes. A montante e a jusante, os bosques de Bolonha e de Vincennes. As colinas prazenteiras de saint-Cloud e Montmorency. Ao fundo, do lado de Alfortville, sobe luminoso o Sena. Os comboios. 17. Cenas inerentes aos diversos bairros. Os artistas em Montparnasse; os elegantes no bosque; as festanças no Moulin Rouge. Os Halles às cinco da manhã. Um engarrafamento de veículos no Châtelet; a Bolsa; a saída das oficinas da rua de La Paix, um chá mundano. Os automóveis na praça de L'Étoile, que parecem canetas a andar. Uma greve em La Vilette. As rotativas do "Matin"; a sopa dos pobres no bulevar de L'Hôpital; a rua de La Glacière; o jardim do Luxemburgo; o bairro de L'Europe. Os trapeiros no cais de Grenelle. Uma operação cirúrgica em Saint-Louis; as grandes fábricas dos subúrbios, etc. 18. Cenas curtas parisienses, de interior e de rua. O vendedor, faça chuva ou faça sol; o homem das quinquilharias; o poeta sob o tecto da mansarda; o ladrão de luva branca; a grande Marcelle. O vadio; o preso da cela 11. O operário dos esgotos em pleno trabalho; o último boémio; a tia Língua de Prata e a tia Bisbilhoteira; o diácono de saint-Séverin. O sr. Deibler; o empregadote do Ministério das Finanças, etc. 19. A Notre-Dame de Paris em todos os seus lados. Pormenores escolhidos da sua arquitectura. As quimeras. Os apóstolos no telhado. E vemos o Anjo N.-D. levar a trombeta à boca. (pp. 34-38) (Trad. Aníbal Fernandes) "O FIM DO MUNDO FILMADO PELO ANJO N.-D"., Assírio & Alvim, 2004
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Citando:
Blaise Cendrars
14.
Chegam os Profetas.
Deus expõe o seu plano, que é realizar as profecias. Vai daí, cada qual defende e preconiza a sua...Gritos, discussões, gestos largos. Há judeus que puxam a barba a outros.
Naum, Amós, Miqueias, os Três profetas menores do canhão, mostram-se de uma singular violência. Deus empurra-os pelos ombros e põe-nos fora do quarto.
15.
Menelik entra e mete-lhe debaixo dos olhos uma fotografia da Notre-Dame de Paris com o Anjo empoleirado na cumeeira entre as duas torres, com a trombeta na mão. explica-lhe que é Thouroulde, o tão corajoso poeta francês que soprou a trompa de marfim de Ronaldo. Diz que é pessoa para lhe fazer o trabalhinho. Deus concorda. Manda uma mensagem cifrada ao Anjo N.-D.
QUARTO CAPÍTULO
O ANJO N.-D. OPERADOR DE CÂMARA
16.
Paris. Vista geral.
A roda; a torre; o Sacré-Coeur; o panteão; as pontes. A montante e a jusante, os bosques de Bolonha e de Vincennes. As colinas prazenteiras de saint-Cloud e Montmorency. Ao fundo, do lado de Alfortville, sobe luminoso o Sena. Os comboios.
17.
Cenas inerentes aos diversos bairros. Os artistas em Montparnasse; os elegantes no bosque; as festanças no Moulin Rouge. Os Halles às cinco da manhã. Um engarrafamento de veículos no Châtelet; a Bolsa; a saída das oficinas da rua de La Paix, um chá mundano. Os automóveis na praça de L'Étoile, que parecem canetas a andar. Uma greve em La Vilette. As rotativas do "Matin"; a sopa dos pobres no bulevar de L'Hôpital; a rua de La Glacière; o jardim do Luxemburgo; o bairro de L'Europe.
Os trapeiros no cais de Grenelle. Uma operação cirúrgica em Saint-Louis; as grandes fábricas dos subúrbios, etc.
18.
Cenas curtas parisienses, de interior e de rua. O vendedor, faça chuva ou faça sol; o homem das quinquilharias; o poeta sob o tecto da mansarda; o ladrão de luva branca; a grande Marcelle. O vadio; o preso da cela 11. O operário dos esgotos em pleno trabalho; o último boémio; a tia Língua de Prata e a tia Bisbilhoteira; o diácono de saint-Séverin. O sr. Deibler; o empregadote do Ministério das Finanças, etc.
19.
A Notre-Dame de Paris em todos os seus lados. Pormenores escolhidos da sua arquitectura. As quimeras. Os apóstolos no telhado. E vemos o Anjo N.-D. levar a trombeta à boca. (pp. 34-38)
(Trad. Aníbal Fernandes)
"O FIM DO MUNDO FILMADO PELO ANJO N.-D"., Assírio & Alvim, 2004
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