sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Estados de Espírito



“Que aqueles que não sabem o que fazer nesta vida desperdicem o seu tempo a pensar na vida eterna. Se vivermos intensamente, virá o tempo em que adormecer será como uma bênção. Se amarmos intensamente, virá o tempo em que a morte será como uma bênção. (...) A vida que eu quero viver é uma vida que eu não poderia suportar na eternidade. É uma vida de amor e de intensidade, de sofrimento e de criação. (...) Do mesmo modo que merecemos uma boa noite de sono, também merecemos morrer. Porque deveria eu querer acordar outra vez? Porque deveria querer fazer aquilo que não fiz no meu tempo de vida? Todos nós temos muito mais tempo do que aquele que aproveitamos bem. (...) O sentimento de que a morte é distante e irrelevante torna a vida um desperdício. (...) Melhor seria se tivéssemos um encontro com a morte. (...) Não há nada de mórbido em pensar e falar sobre a morte. Aqueles que desacreditam a honestidade desconhecem as suas alegrias.”


(Kaufmann, W., The Faith of an Heretic, citado em Phillips, C., Socrates Café - a fresh taste of philosophy, Norton, p.160. tr. LFB)

4 comentários:

Poeta urbano disse...

preso, por um fio dourado, a um viaduto e com asas de condor, sombreando as viaturas: «de peito aberto/conduz uma Harley-Davidson/ e sabe que todos os dias são bons para morrer/sobre o coração/fez gravar a imagem de Nossa Senhora da Conceição»

Admiradora disse...

Senhor Germe,

Cite William James e confie na sua intuição, se não chegar coma um Milka - talvez a vaquinha dê um empurrão.

P.S.-Felicidades para blogue!

A Morte disse...

-lhe:

https://www.youtube.com/watch?v=prBaZzYmQrI

Escrivã disse...

O pai era carpinteiro. Trabalhava numa pequena oficina, anexa à casa. Quando vinha da escola, a primeira coisa que fazia era beijar o pai. Gostava do modo como as suas mãos grandes a afagavam e do cheiro a carvalho e faia que as impregnava e moldavam o ar segundo formas justas e sólidas.
Um dia o pai chamou-a e disse-lhe que já fizera o catre eterno para toda a família. Eram de boa madeira e encimava-os o nome de cada um deles.
Ela estranhou que o do pai, o maior de todos, fosse apenas um pouco maior do que o da mãe e o dela, a menor de todos, fosse maior do que ela. Interrogou o pai acerca disso:
- O tempo será o artesão - disse-lhe.
A partir desse dia, todas as tardes, se deitava no seu eterno catre. Gostava de ouvir passar o tempo.