"De certa maneira, a investigação que investiga conceitos é um pensamento que está perdido - há tanta coisa à nossa volta, tantos acontecimentos, livros, autores: porquê seleccionar uns e não outros?, porquê mais atenção a esta obra e não à outra do mesmo autor?, a este conceito, a esta frase e não a outra?, qual a razão, enfim, para se avançar por este e não por aquele lado?
Todo o investigador investiga porque está perdido e será sensato não ter a ilusão de que deixará de o estar. Deve, sim, no final da sua investigação, estar mais forte. Continua perdido, mas está perdido com mais armas, com mais argumentos. Como alguém que continua náufrago, mas que tem agora, contra as intempéries e os perigos, um refúgio mais eficaz.
Llansol: "tentar dizer o que uma coisa é, é viver""
Gonçalo M. Tavares, Atlas do Corpo e da Imaginação - Teoria, Fragmentos e Imagens, Caminho, 2013, p. 38.