quinta-feira, 14 de junho de 2012

ser a própria luz

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Onde estáveis quando lancei os fundamentos da Terra?
 Job 38:4

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Para o universo, o passado não desaparece. Nós não vemos como o universo era outrora olhando para a luz que nos chega do passado do universo - de lá de fora. A luz das estrelas distantes convence-nos de que existem objectos como as estrelas, e o estudo repetido da luz recebida de muitas estrelas convence-nos de que o universo físico se tornou uma hierarquia constituída por elas.
Olhar lá para fora para o espaço é o mesmo que olhar para trás no tempo. A luz do passado mais remoto do universo chega como radiação de microondas, a CMB [radiação cósmica de fundo], um ténue retrato do universo tal como era 400 000 anos após o Big Bang. É também em parte, o retrato mais ténue daquilo que fomos outrora. A CMB é um mapa do todo e, a partir desse todo, evoluiu o todo do universo do século XXI. Fazer de novo a pergunta - Em que está contido o universo? - deverá provocar respostas curiosas. Nunca poderemos atingir o local em que estávamos há 13 700 milhões de anos. O universo está em expansão e levando as suas origens para cada vez mais longe. Mesmo que pudéssemos viajar à velocidade da luz, o horizonte leva já um avanço de 13 700 milhões de anos. Em qualquer dos casos, para viajarmos à velocidade da luz, teríamos que ser a própria luz: paradoxalmente, pareceria não haver para nós o tempo a passar. Nós não conseguimos ver a radiação que se está a afastar de nós à velocidade da luz. Os objectos mais distantes que estão ainda visíveis são os quasares, a afastarem-se de nós à velocidade de 93% da velocidade da luz. A fronteira do universo é na realidade um horizonte; mas é impossível dizer um horizonte de quê. Se nos fosse possível aproximármo-nos fisicamente do horizonte para vermos o que está para além dele, aquilo que lá estivesse não se pareceria em nada com o universo visível, tal como é presentemente descrito."

(Cristopher Potter, Você está aqui - uma história portátil do universo, casa das Letras, 2009, pp.191-192. Tradução não muito cuidada de uma excelente introdução ao Universo a partir do nada!)

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