" Em 1933 revoga-se a lei Seca, atendendo a que produziu «injustiça, hipocrisia e a criminalização de grandes sectores sociais, obscura corrupção e a criação do crime organizado». As três «famílias», separadas até então por ferozes rivalidades, acordam numa política de coexistência pacífica, aconselhável perante a iminente ruína que para elas representa o fim desta proibição.
É então que os chefes do gang judeu e do italiano -- M. Lansky e S. Luciano -- estudam a possibilidade de se dedicarem à morfina e cocaína, aproveitando a proibição vigente para essas drogas. A cocaína não serve, porque nesse mesmo ano acaba de se comercializar a anfetamina -- um estimulante muito mais activo, de venda livre nas farmácias --, e a morfina -- com escassa capacidade eufórica -- parece ainda demasiado ligada a gente de ordem. Mas o legislador americano decidiu há pouquíssimo tempo ilegalizar a produção e venda de heroína -- usada até esse momento como cura de opiómanos e morfinómanos --, e aqui encontrarão os desolados gangsters a sua tábua de salvação."
Antonio Escohotado, História Elementar das Drogas, p. 100.
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