"O drama da Oresteia consiste no facto de as antigas e as novas explicações de justiça serem totalmente opostas. Os antigos deuses da vingança, as Fúrias, que são todas mulheres, colocam a família acima de todos os outros valores; os novos deuses, na maior parte homens, defendem a lei universal e distanciada, que não abre excepções para indivíduos, famílias ou cidades. Apolo articula a nova concepção de justiça distanciada (...)
(109)
(...) a própria peça funciona como um deus. Não é, no entanto, um deus específico de dadas situações, do género dos que encontramos em Homero, um deus que nos leva a agir no aqui e agora. É, antes, um deus mais universal, um deus mais monoteísta; é um deus que mostra a toda a cultura ateniense o papel que lhe cabe enquanto povo. A Oresteia chama todos os atenienses a participar na revelação do seu brilhante novo mundo, envolvendo-os numa celebração do modo de vida ateniense e instilando neles um tipo peculiar de orgulho ateniense."
Um mundo iluminado, de H. Dreyfus e S. D. Kelly (115)
Sem comentários:
Enviar um comentário