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Alimentos transgénicos são outro tema do dia...
Todos os alimentos são transgénicos. Não há praticamente nada do que nós comemos hoje em dia que não tenha sido manipulado das formas mais ao acaso. Os vegetais ou carne que nós consumimos foram "melhorados". Não há praticamente animais que não sejam transgénicos. Um purista diria: "Não! Não! Transgénico aplica-se a uma coisa muito específica, a pôr lá um gene". Seria um absurdo dizer que não há risco na produção de plantas ou animais "melhorados" ou transgénicos. Não há nada que não tenha risco. Ele existe mesmo quando se atravessa uma rua para ir tomar um café. A questão é saber quais os riscos que estamos dispostos a aceitar e se há a possibilidade de alguns escolherem esses riscos ou não. Nós não devemos impedir que a informação chegue às pessoas e que elas decidam depois e que tomem os riscos que quiserem. Os riscos devem ser diminuídos mas há quem diga que a grande reacção dos europeus face aos transgénicos se deve ao facto de eles se terem atrasado em relação aos americanos que estão a proteger os seus mercados interiores até desenvolverem os seus próprios transgénicos. É claro que a crítica que os transgénicos foram feitos para darem mais dinheiro às grandes firmas também é verdade. Não se preocuparam em melhorar a qualidade nutricional dos alimentos. Fizeram-se coisas gravíssimas como plantas com genes suicidas que impediam os agricultores de usar as suas sementes e os obrigava a comprar sementes à mesma firma. Isso foi escandaloso. Allgumas empresas funcionam de forma não muito correcta.
Quer dar exemplos?
Não nos esqueçamos de que muito do melhoramento foi feito através da radioactividade, as plantas eram postas ao pé de fontes radioactivas para o número de cromossomas duplicar. Em muitos casos a manipulação genética foi feita à brutamontes. Mas também se fizeram críticas do género "agora metem-se genes dos peixes nas plantas, que coisa horrível" como se os genes tivessem rótulos. O gene é um grupo de moléculas e muitos deles são iguais nos homens, nos peixes, nas plantas. A grande descoberta do genoma foi essa: somos muito parecidos. (...)
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Alexandre Quintanilha, excerto de entrevista retirado de Massada, Jorge, (org.) Vale a Pena ser Cientista? Campo das letras, 2002, pp.42-43.
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