têm sido mornos. Mas estou esperançado de que me ajudarão a escolher a pessoa em quem vou votar. Para já uma nota sobre o debate Cavaco/Louçã; candidatos em quem eu à partida não votarei. Não votarei em Cavaco porque, para além do constante silêncio opinativo, só a ideia de que possui "um rumo certo" (como salientou Vasco Pulido Valente no Público) para Portugal me assusta; não votarei em Louçã porque a sua argumentação demagógica esconde uma vontade de poder racional, frio e implacável que o pior do século XX exemplificou bem aonde conduz. Fico com o problema de saber em quem votar dado que os restantes candidatos também não são flor que se cheire...
Mas a nota é sobre o argumento que Cavaco apresentou em defesa dos limites à entrada de emigrantes. O argumento implica que se seja capaz de antever as consequências de uma lei pouco restritiva. Diz Cavaco que ela se torna perigosa porque pode colocar em minoria eleitoral os portugueses, sobretudo se aos recém chegados for dado, de imediato, o direito de voto. A contra-argumentação de Louçã diz ser um absurdo acreditar que 10 milhões de emigrantes estão à espera de entrar em Portugal. E que, por detrás dessa suposição há uma ideia de extrema direita que ele atribui a Manuela Monteiro - a ideia de que todos os emigrantes são perigosos.
O ponto é que o argumento de Cavaco não cai com o ataque de Louçã. Primeiro, porque existem de facto milhões de pessoas à espera de entrar na Europa e, logo, também em Portugal. Não é esse precisamente o drama da Europa perante as sucessivas vagas de emigrantes clandestinos que todos os dias tentam a sua sorte (ou azar) para nela entrar?
Mas mesmo que a questão fosse de milhares e não de milhões, o erro (e o aproveitamento político) de falar em 10 milhões é grave pois como se sabe 10 milhões é o número aproximado de portugueses e não o número de eleitores que, como é óbvio, é muito menor. E é por isso que em determinados actos eleitorais - referendos, por exemplo - é perfeitamente concebível que o número de votantes portugueses pudesse ser inferior ao número de votantes recém chegados. Isto porque a participação dos portugueses pode ser (e tem sido) muito diminuta e porque a participação de recém chegados pode ser potenciada precisamente por serem novos cidadãos, por desejarem afirmar-se como tal e pelo facto de o tema em referendo, por hipótese, lhes interessar mais do que aos que já cá estão. Portanto, nem os números estão certos, nem é impossível conceber um acto eleitoral onde votam mais pessoas recém chegadas (admitindo que lhes é dado o direito de voto) do que indígenas.
Para mim é mais um sinal de que a argumentação de Louçã é uma máscara que esconde qualquer coisa de terrível.
Mas a nota é sobre o argumento que Cavaco apresentou em defesa dos limites à entrada de emigrantes. O argumento implica que se seja capaz de antever as consequências de uma lei pouco restritiva. Diz Cavaco que ela se torna perigosa porque pode colocar em minoria eleitoral os portugueses, sobretudo se aos recém chegados for dado, de imediato, o direito de voto. A contra-argumentação de Louçã diz ser um absurdo acreditar que 10 milhões de emigrantes estão à espera de entrar em Portugal. E que, por detrás dessa suposição há uma ideia de extrema direita que ele atribui a Manuela Monteiro - a ideia de que todos os emigrantes são perigosos.
O ponto é que o argumento de Cavaco não cai com o ataque de Louçã. Primeiro, porque existem de facto milhões de pessoas à espera de entrar na Europa e, logo, também em Portugal. Não é esse precisamente o drama da Europa perante as sucessivas vagas de emigrantes clandestinos que todos os dias tentam a sua sorte (ou azar) para nela entrar?
Mas mesmo que a questão fosse de milhares e não de milhões, o erro (e o aproveitamento político) de falar em 10 milhões é grave pois como se sabe 10 milhões é o número aproximado de portugueses e não o número de eleitores que, como é óbvio, é muito menor. E é por isso que em determinados actos eleitorais - referendos, por exemplo - é perfeitamente concebível que o número de votantes portugueses pudesse ser inferior ao número de votantes recém chegados. Isto porque a participação dos portugueses pode ser (e tem sido) muito diminuta e porque a participação de recém chegados pode ser potenciada precisamente por serem novos cidadãos, por desejarem afirmar-se como tal e pelo facto de o tema em referendo, por hipótese, lhes interessar mais do que aos que já cá estão. Portanto, nem os números estão certos, nem é impossível conceber um acto eleitoral onde votam mais pessoas recém chegadas (admitindo que lhes é dado o direito de voto) do que indígenas.
Para mim é mais um sinal de que a argumentação de Louçã é uma máscara que esconde qualquer coisa de terrível.
Quanto à discussão sobre a emigração, são as forças económicas que ditam os movimentos dos povos e, dado que o mercado livre é o mais desejável (só Louçã e Jerónimo não estarão convencidos disto?), enquanto não se encontrar uma forma de eliminar a pobreza não parece fácil conter o desejo dos mais pobres de quererem entrar nos países mais ricos. Os portugueses sabem bem disso, sendo também empurrados para, por exemplo, a Inglaterra onde encontram o mesmo vazio que os emigrantes recém-chegados a Portugal encontram. Sendo Portugal um país pobre, com o desemprego a crescer, com licenciados sem saberem o que fazer à vida, não é melhor pensar um pouco mais antes de abrir totalmente as portas?
(LFB)
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