quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O trabalho ou a política

Não raro deparamo-nos com a ideia de que, em política, o  que é preciso é sangue novo. Jovens que, cheios de energia (e de cafeína), se cheguem à frente dos partidos e da governação e que façam o país progredir.
Há um tanto de absurdo nessa ideia. Veja-se as luminárias que nos têm governado nos últimos anos (os Césares, os Sócrates, os Chernes, os Coelhos, enfim, os jotas...); muitas delas começaram na política e nunca fizeram outra coisa. Que sentido faz ter políticos que nunca passaram pelo mundo trabalho? Que nunca puseram 'as mãos na massa'?
O que torna a política uma arte nobre não é a energia excessiva da juventude, mas sim a experiência diversificada, a razoabilidade, o sentido de justiça, a busca constante do equilíbrio e, desejavelmente, alguma sabedoria prática. Tudo virtudes que, por natureza, escasseiam na juventude, com as quais não se nasce e que não são nada fáceis de obter.
O que os jovens que ambicionam a política precisam é de experiência de vida e isso só se obtém vivendo! E trabalhando e sofrendo...
Vivemos num sistema político que inverteu a lógica das coisas. Salvo raras e honrosas excepções (e outras nem tanto) reformam-se os políticos cedo demais (veja-se este caso) e enviam-se para o centro da decisão política jovens imberbes que só errando podem aprender (e mesmo assim é preciso querer aprender, o que nem sempre é o caso). Acontece que, em política, os erros  pagam-se caro. E quem paga são sempre os governados.
É também claro que a solução do problema não é fácil. Não podemos impedir os adultos de se candidatarem a lugares políticos (o que seria equivalente a diminuir as liberdades). Nem podemos recusar as escolhas que o povo, por maioria, faz (o que seria equivalente a recusar a democracia).
Mas aceder a um lugar só porque se pertence a um partido, ou por qualquer outra influência que não por mérito, já parece condenável. Para além disso, dá-se a situação paradoxal de muitos dos que nos poderiam bem governar não o fazem - ou porque não querem (a maioria dos casos) ou porque não chegam a ser escolhidos.
A mim agrada-me a ideia de de olhar para a política como um serviço que se presta à comunidade. Quase como uma coisa voluntária, algo que se faz por dever para com os outros e não por proveito próprio.
A expressão "carreira política" causa-me arrepios. Por isso é que às vezes me parece sensato defender que a política deveria estar limitada aos que já demonstraram, apenas pelo mérito do seu trabalho, ser dela merecedores.  A todos os outros compete-lhes fazer melhor.

1 comentário:

vmsmedina disse...

aos jovens cabe errar em assuntos menores. e que o sintam na pele para que a pele dos demais seja tocada pelos sensatos