“Já há 60 ou 70 anos que os jovens não lêem. Lembre-se de que os jovens já não lêem livros, lêem sms, livros de BD, resumos no Kindle: O Hamlet em 25 palavras, o Lear em 50 palavras. Os jovens estão impacientes, estão zangados, muito zangados com uma civilização, uma sociedade, que não lhes está a dar a esperança socioeconómica de que necessitam. (…) Para ler seriamente é preciso silêncio. Não ponha música, tire a rádio e a televisão do quarto. Tem de saber viver, e conviver, com o silêncio. (Cada vez menos jovens querem viver com o silêncio. Na realidade, têm-lhe medo. O silêncio tornou-se, de resto, muito caro. (…) Vivemos num inferno de ruído constante.) Tem de estar preparado para - e não riam de mim - saber passagens de cor. Não é por acaso que «coração» em latim é «cor». Ninguém nos pode tirar nunca o que sabemos de cor. (…) A partir do momento em que sabemos um poema de cor, algumas poucas linhas, ele começa a viver dentro de nós. Em terceiro lugar, precisa de ter alguma privacidade. (…) Actualmente, a privacidade é o inimigo nº1 de todo o jovem. Não só se confessa tudo a toda a gente, como é imperativo que o façamos imediatamente. Ninguém guarda a experiência, qualquer que ela seja, só para si. Então, três condições: silêncio, aprender de cor e privacidade. De outra forma é impossível viver uma grande obra."
Entrevista de Beata Cieszynska e José Eduardo Franco a George Steiner,revista Ler, número 100, Março 2011, p. 31
1 comentário:
Por exemplo, os jovens que utilizam as redes sociais diariamente deveriam ser mais reservados. Expôr detalhes pessoais daquela forma retira grande parte do respeito que tenho por eles.
No entanto, ao adoptar a atitude "mais silenciosa", não se deve pôr de parte os benefícios que a partilha traz... não só ajuda a consolidar os conhecimentos como permite a troca de perspectivas e opiniões. :)
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