"A estupidez tem qualquer coisa de fascinante. Sou uma pessoa que não conhece exactamente a sua natureza. Por vezes sou sensível como uma donzela. É um aborrecimento ouvir falar da paisagem e de outras coisas do género. As pessoas que têm uma certa cultura deveriam perceber que é néscio exclamar «que maravilha» diante de uma obra de arte. Tecer louvores revela falta de imaginação. O enlevo pode roçar por vezes a estupidez! Uma pessoa feliz pode tornar-se facilmente impopular. Não chega a ser falta de vergonha fazer assim alarde da sua boa disposição, permitir-se ter sempre os olhos a brilhar de felicidade? Sim, porque a todo o momento essa chama de felicidade pode extinguir-se. Deve-se ser comedido nas manifestações de contentamento. Prefiro ser prestável quando ninguém espera isso de mim, não gosto de o ser quando as pessoas crêem que o faço de bom grado."
Robert Walser, A Rosa, Relógio D'Água, 2004, pp.98-99.
1 comentário:
Muito bom, fico muito curiosa em conhecer este livro.
Grata pela partilha!
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